sexta-feira, 25 de abril de 2008

JUÍZO DE VALOR

É realmente muito difícil fazer uma simples reflexão acêrca do caso Isabella. Não só porque não me sinto capaz nem no direito de emitir qualquer juízo de valor. E, por isso, a direção em que levo meu olhar para este caso, e, é apenas uma direção, é a que evita realizar juízo de valor sobre o ato e as pessoas, propriamente ditos. Isso porque, cito como exemplo, até hoje não sabemos o motivo que levou os assassinos a matar Daniela Perez, uma ato tão brutal e sem explicações racionais e humanas, quanto o deferido sobre Isabella.

Isabela foi assassinada com grande violência.

Assisti a uma entrevista numa emissora, logo no início, e, lamentavelmente não o vi mais na TV, com um psiquiatra forense com anos de experiência. Ele disse à reporter mais ou menos assim (desculpem colocar entre aspas o que afirmo der sido dito "mais ou menos assim"): "Quem cometeu este ato, e aí não estamos falando deste ou daquele, mas de maneira geral, da forma como essa psicopatia é manifestada pelos que dela sofrem:
1. Não são atos premeditados, mas acometidos de impulso incontrolável.
2. São sempre atos violentos e brutais.
3. E, te digo ainda o mais importante: esses indivíduos não têm remorsos e a única dor que sentem é o mal que a eles próprios poderá advir."


Observando, como leiga, a atitude dos indiciados, da defesa e da família dos indiciados, me pergunto: é fácil assim e, justo, negar os indícios e as evidências? (Considerando que elas existam?). Não sabia ser assim tão fácil. Se assim for ninguém poderá ser julgado e acusado.

Tira-nos (ou tenta), até aos leigos, a capacidade de entender os "caminhos" jurídicos. Se sustentará diante dos indícios e das evidências (considerando que elas sejam levantadas pela polícia) a negação pura e simples de tudo que foi levantado? Falo da negação sobre as evidências do sangue de Isabella no carro, na fralda, no hall, no corredor, na sala, na cama, por exemplo. "Desconheço" é a afirmativa dos indiciados, e, que é a negação da racionalidade.

Teremos muitas dificuldades de acusar culpados de crimes hediondos. Basta negar tudo e manter como "coerência": a negação.

Lembro de um dia, há muitos anos, em que achei engraçado quando um amigo me disse sobre a infidelidade: "Negue sempre não importando as evidências".

Não estamos tratando de um caso de infidelidade (onde podemos até achar graça) mas de um crime hediondo cometido contra uma criança. Será tão simples assim? Os advogados se cercam de argumentos tão frágeis e cínicos? E, precisamos deles mesmo assim para sustentar a negativa contra todas os indícios e evidências (existindo)? Precisaremos de julgamento se há, para os indiciados, a possibilidade de nem irem a julgamento, e, se forem, não se conseguir provar a culpa? Poupariam a todos, nós brasileiros, cidadãos do país da impunidade, onde a lei não é a mesma para todos.

Todos temos direito a defesa. Isso é uma coisa. Impunidade é outra.

Não precisaremos mais ir a julgamento pelos nossos crimes. Basta negá-los? E, a dúvida: ainda assim precisaremos de advogados de defesa para apenas negar todas os indícios e todas as evidências levantados e apresentados contra nós, em nossos depoimentos à polícia? Bom saber?