quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O GOVERNO LULA E SUA VISÃO SOBRE A CLASSE MÉDIA BRASILEIRA

Estou há três dias tentando entender a tentativa do Governo Lula em identificar a classe média brasileira como preconceituosa; "todo mundo é muita gente", e, em se tratando de classe média no Brasil é muita gente. Na verdade, gostaria que o Governo Lula definisse o que ele considera como a classe média brasileira.
Voltarei à análise da PEA (População Economicamente Ativa), Urbana e Rural, com base no Censo 2005 (último censo):

PEA 2005: 96.000.000 (entre empregados com carteira assinada, empregados sem carteira assinada, militares e estatutários, trabalhadores domésticos, conta própria e empregadores).

Rendimento médio mensal total: R$ 840,50 (entre empregados com carteira assinada, empregados sem carteira assinada, militares e estatutários, trabalhadores domésticos, conta própria e empregadores).

Distribuição dos 40% mais pobres, da população ocupada (A):
Total (A): 30 430 000
Rendimento médio mensal de todos os trabalhos (A): R$ 226,32
Sálarios mínimos: 0,75

Distribuição dos 10% mais ricos, da população ocupada (B):
Total (B): 7 610 000
Rendimento médio mensal de todos os trabalhos (B): R$ 3.579,82
Sálarios mínimos: 11,93

Relação entre os rendimentos médios (B/A = R$ 3.579,82 / R$ 226,32): 15,8.

- Para os 40% mais pobres uma população estimada em 30.430.000 temos um rendimento médio mensal de R$ 226,32 (ou 0,75 salários mínimos).

- Para os 10% mais ricos uma população estimada em 7.610.000 temos um rendimento médio mensal de R$ 3.579,82 (ou 11,93 salários mínimos).

A relação entre os rendimentos médios mensais dos 40% mais pobres de R$ 226,32 e dos 10% mais ricos de R$ 3.579,82 é de 15,8 , i.e., os 40% mais pobres ganham 15,8 vêzes menos do que os 10% mais ricos.

Mas se temos uma PEA de 96.000.000 e se somarmos os 40% mais pobres (38.400.000) e os 10% mais ricos (9.600.000) teremos 48.000.000 (50%). Isto é, os 50% restantes da PEA, ou 48.000.000, estão entre os que recebem um rendimento médio mensal de mais de R$ 226,32 e de menos de R$ 3.579,82. Para a PEA estes rendimentos médios mensais intermediários representam no Brasil a classe média? Está certo concluir assim?

Se nos acostumamos a ouvir a classificação da classe média brasileira em classe média baixa, classe média propriamente dita e classe média alta, e, que as três subdivisões representam a classe média brasileira, i.e., 50% da PEA? 48.000.000?

Vejamos também: os 10% mais ricos, 9.600.000, não representam por si só a classe alta, a que nos acostumamos a ouvir que é de 1%. Mas 1% do que? Da PEA ou da população total? Dentro desses 10% mais ricos, devem estar incluídos a classe média propriamente dita e a classe média alta? Basta observar que basta ter um rendimento médio mensal igual ou acima de R$ 3.579,82 para estar entre os 10% mais ricos da PEA.

Disse o presidente Lula: "Toda vez que a gente tenta ajudar os pobres aparece uma ciumeira".

O Governo Lula parece não ficar muito confortável quando a classe média demonstra insatisfação total com ele (Governo). A classe média brasileira está mais próxima da classe baixa do que da classe alta. Percebe as grandes deficiências da saúde pública, da educação pública, da falta de habitação e de infraestrutura , e, o que essas deficiências representam para todos, pobres e "médios mais pobres" e "médios" e "médios mais ricos". Necessita diretamente desses mesmos serviços públicos.

Disse o Governo Lula, sob as considerações de "assessores graduados" (como está na Veja), que a classe média:

1. "Não teria se dado conta que também está ganhando com o crescimento do país".
Não teria se dado conta? Pergunto: pode a classe média não se dar conta do crescimento real de um país?

2. "Por puro preconceito a classe média 'tradicional' estaria incomodada com a classe média 'emergente' ".
O que é ou quem são a classe média "tradicional" e a classe média "emergente", para o Governo Lula? Não conhecia mais essa classificação que Governo Lula atribuiu à classe média (tradicional e emergente). Onde cada cidadão da classe média se posicionará, na classe média "tradicional" ou na "emergente"? Já que tirando ricos e pobres da PEA ela é simplesmente mais do que a metade?

Se eu fosse Governo, trataria de trabalhar para a classe média também. Como merecem atenção a classe baixa e classe alta neste Governo. Não tem nada a ver com preconceito ou falta de percepção, presidente Lula. Acredito que a classe média queira um país melhor para todos, um país com melhor distribuição de renda, menos desigualdades.

A classe média não quer apenas pagar a conta desse desenvolvimento meia boca, desse enriquecimento ilícito do poder econômico e do poder político. Quer também melhores condições porque a vida é difícil no Brasil (também não é nada fácil) para a classe média.

Realmente, Presidente Lula, seu Governo deve estar muito incomodado com a classe média. Mas lembre-se, ela não recebe nem bolsa família nem bolsa BNDS (como disse Reinaldo Azevedo, apenas para citar o dono desta reflexão, um homem de direita que não sei bem o que ele quer e o que ele defende e, sobretudo, qual sua "agenda oculta"; muitos o chamam de fascista, e, fascismo para mim é crime). E, tenho certeza, por não estar comprometida com as "bolsas" (família e BNDS) e, ser uma parcela bastante representativa da PEA (mais de 50%), é que a classe média incomoda.

Sabe, Presidente Lula, a classe média se sentiu traída por seu Governo desde o seu primeiro mandato. Acreditou na índole e na vontade deste Governo de tornar este país um país melhor para todos, sem corrupção, sem enriquecimento ilicito e sem formação de quadrilha. Mas seu Governo mostrou estar disposto a ceder ao poder econômico, pura e simplesmente, e, dar as costas às necessidades da sociedade brasileira como um todo. Mostrou ser igual a qualquer poder político que se preste: seguir o que determina a cartilha do poder econômico.

sábado, 24 de novembro de 2007

DEMOCRACIA REPRESENTIVA (CONGRESSO) X DEMOCRACIA PARTICIPATIVA (PLEBISCITOS)

Vejam só o que aconteceu comigo hoje. Estava por volta das 13:30 h (horário de verão), neste sábado 24.11.07, sentada sob a sombra da marquise do edifício onde moro, sentindo o frescor daquela brisa por estar protegida do sol. Já estava lá um gari, se protegendo do sol forte que castiga os que sob ele se aventuram ficar. Era um senhor de uns 60 anos de idade, estava muito vermelho por estar limpando a cidade naquele sol das 12:30h. Faltava-lhe, como me disse, pouco para terminar seu dia de trabalho neste sábado que terminaria às 14:00h. Falamos do calor sob o sol, do extenso percurso que faz todos os dias para realizar seu serviço de limpeza. Trabalha para uma empresa terceirizada pela prefeitura, e, me disse que "ele recebe apenas um salário mínimo mais um sacolão se não tiver falta alguma no mês". Disse-me também que "acredita que a prefeitura paga bem seus patrões que devem ficar com a maior parte e, por isso, lhe pagam tão pouco". Desejamo-nos um bom final de semana e lá se foi aquele homem que falou também que "são raras as pessoas que lhes olham como pessoas e que conversam ou lhes ajudam, mas que elas existem"; e, lamentou "os que não se importam com ninguém". Dentre todas as coisas que em 10 minutos conversamos, houve até uma consideração final, por parte dele, a respeito da vida, que foi: "eles deveriam agradecer que o pobre existe para limpar a sujeira".
Dirão os que acusam ferozmente e com sarcasmos a "nova esquerda latinoamericana" que ele é vítima do proselitismo desta esquerda. Bobagem... Ele representa a parcela que pensa e sabe o que acontece a sua volta, percebe o mundo e seu lugar nele mesmo sem ter podido estudar história, sociologia ou economia (apenas para citar algumas); representa a parcela imobilizada pela força do poder econômico que não lhes dá verdadeiras e concretas oportunidades, sejam pelas políticas da direita neoliberal quanto da nova esquerda latinoamericana, só para ficar restritas às duas correntes que nos são mais próximas aqui.
As desigualdades sociais causadas pela má distribuição de renda não permite que modelo algum de governo, que se esquive de reparar e equilibrar estas diferenças, possa ser legítimo.
A democracia representativa que temos aqui no Brasil já não há sinônimos e adjetivos que se possam usar para se ser um pouco original; resumindo, não representam o povo, representam o interesse do poder econômico e o enriquecimento ilícito às custas do dinheiro público, e, portanto, dinheiro do povo. Sempre, vejam bem, sempre foi assim. Não foi o PT que criou esse circuito de corrupção, mas infelizmente, fez uso dele indiscriminadamente traindo o povo. Para desalento do povo, ninguém é punido. O poder judiciário, juntamente com os poderes executivo e legislativo, faz parte do todo para manter subjugado o povo, sob a força do poder econômico.
Por outro lado, a democracia participativa, da nova esquerda latinoamericana, aparece como uma alternativa, mesmo que como uma falsa ilusão, de que o povo imobilizado já não tem nada a perder.
Enganam-se ou querem enganar os que dizem que um povo deixa-se facilmente enganar. Tanto a direita quanto a esquerda imobilizam o povo não lhes dando alternativas nem sequer possibilidades de transformação para uma sociedade mais igualitária e humanista. Mesmo na sua "ignorância" o povo sabe muito bem distinguir e julgar o que está certo e errado e, como qualquer indivíduo que pertence a uma sociedade, pode optar em caminhar por caminhos diversos.
A democracia representativa da política neoliberal, pelo seu fracasso como sistema de governo, é a responsável pelo avanço da democracia participativa da nova esquerda latinoamericana. E, já dá mostras latentes de seu fracasso, não só aqui, mas em todas as partes do mundo, inclusive na Europa, berço do respeito à propriedade e à liberdade.
Todos os sistemas vivos tendem ao equilíbrio, mesmo que renasçam do caos. Todo o esforço e energia gastos para se manter um sistema num estado metaestável, acabarão se exaurindo, e, forçando à estabilidade. Quem sabe não se exauriram essas forças do poder econômico a favor de poucos? Tudo tem um fim e tudo tende ao equilíbrio.
Não há mais como manter essa brutal desigualdade social sem consequências desastrosas, bem maiores das que já estamos vivendo.

sábado, 17 de novembro de 2007

UM EXERCÍCIO DE CIDADANIA: PENSAR (CONTINUAÇÃO)

No último censo (2005) o Brasil tinha uma população estimada de 167.000.000 (não lembro muito bem e não encontrei este dado para confirmação, mas deve ser entre este número e 170.000.000 de habitantes para a arredondá-lo).
Então, vamos refletir juntos, já que a subjetividade já não parece suficiente, i.e., não basta sentir tem que demonstrar o que se sente. Vamos lá, então, juntos e me ajudem a entender estes números de 2005 e sua relação com a subjetividade dos fatos:
População: 167.000.000
População Economicamente Ativa - Urbana e Rural (PEA): 96.000.000 (entre empregados com carteira assinada, empregados sem carteira assinada, militares e estatutários, trabalhadores domésticos, conta própria e empregadores).
Rendimento médio mensal total: R$ 840,50 (entre empregados com carteira assinada, empregados sem carteira assinada, militares e estatutários, trabalhadores domésticos, conta própria e empregadores).
Distribuição dos 40% mais pobres, da população ocupada (A):
Total (A): 30 430 000
Rendimento médio mensal de todos os trabalhos (A): R$ 226,32
Sálarios mínimos: 0,75
Distribuição dos 10% mais ricos, da população ocupada (B):
Total (B): 7 610 000
Rendimento médio mensal de todos os trabalhos (B): R$ 3.579,82
Sálarios mínimos: 11,93
Relação entre os rendimentos médios (B/A = R$ 3.579,82 / R$ 226,32): 15,8.
Em 2005 (apenas 2 anos atrás) tínhamos uma população de 167.000.000 para uma população economicamente ativa (PEA) de 96.000.000 (entre empregados com carteira assinada, empregados sem carteira assinada, militares e estatutários, trabalhadores domésticos, conta própria e empregadores). Isto corresponde a uma PEA de 57,5% (96.000.000). O restante 42,5% ou 71.000.000 devemos considerar crianças, jovens, idosos, incapacitados para o trabalho, capacitados para o trabalho mas sem trabalho).
O rendimento médio mensal de todos os trabalhos para esta PEA urabana e rural de 96.000.000 (57,5%) era de R$ 840,50. É um bom número? Apesar de todos os sentimentos ou subjetividade contrários a essa constatação numérica dos rendimentos médios mensais da PEA, - levantados pelo censo 2005 - é uma boa média se considerarmos que a grande maioria da população pertence às camadas mais pobres. Por que não parece ser um número real pela nossa percepção? Perece-me que ou os números estão errados ou nossas percepções. É mais da metade da população trabalhando (57,5% e tendo um rendimento médio mensal de R$ 840,50.
Perguntas:
1. A China com seus salários baixos irá mesmo puxar este valor para baixo? Espero que não.
2. A tão necessária inclusão social dosx que estão fora do mercado formal e informal do trabalho irá puxar este valor para baixo? Espero que não.
Passando para outras considerações do Censo 2005, onde avaliamos a distribuição dos 40% mais pobres e dos 10% mais ricos entre a PEA, temos:
- Para os 40% mais pobres uma população estimada em 30.430.000 temos um rendimento médio mensal de R$ 226,32 (ou 0,75 salários mínimos).
- Para os 10% mais ricos uma população estimada em 7.610.000 temos um rendimento médio mensal de R$ 3.579,82 (ou 11,93 salários mínimos).
A relação entre os rendimentos médios mensais dos 40% mais pobres de R$ 226,32 e dos 10% mais ricos de R$ 3.579,82 é de 15,8 , i.e., os 40% mais pobres ganham 15,8 vêzes menos do que os 10% mais ricos.
Mas se temos uma PEA de 96.000.000 e se somarmos os 40% mais pobres (30.430.000) e os 10% mais ricos (7.610.000) teremos uma PEA de 38.000.000 (50%). Isto é, os 50% restantes da PEA estão entre os que recebem um rendimento médio mensal de mais de R$ 226,32 e de menos de R$ 3.579,82. Para a PEA estes rendimentos médios mensais intermediários representam no Brasil a classe média? Está certo concluir assim?
Mas se incluirmos os incapacitados para o trabalho e os capacitados para o trabalho mas sem trabalho, como ficaria a classificação (já que eles não são contemplados na PEA) por classes: classe baixa, classe média baixa, classe média, classe média alta e classe alta? Hoje se fala em classe A, B, C, D e E (tem mais?). Onde cada brasileiro se enquadra? Gostaria de saber.
Vamos exercitar nossa cidadania? Ajude-me a refletir sobre estes dados, comente-os, comente minhas considerações, corrija-as.
O que, nós brasileiros, queremos para todos e para este país?

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

UM EXERCÍCIO DE CIDADANIA: PENSAR

Quando nada mais parece fazer sentido, e, nos parece tudo uma grande farsa, temos de parar, refletir e pensar sobre as nuances de tudo o que se fala e se faz. Já não dá mais para aceitar tudo o que nos querem fazer acreditar ou desacreditar. A dicotomia aparentemente existente entre capitalismo e socialismo já não é mais tão facilmente aceita, quando ambos, representam os interesses do poder econômico, também aparentemente distintos.
Percebe-se as dificuldades mundiais em se manter o equilíbrio entre, de um lado, a ganância dos poucos que não querem abrir mão do poder econômico em benefício de uma melhor condição de vida para todos, e, de outro lado, a inércia e o conformismo, em estado latente e inevitável de entrar em movimento, dos muitos que são explorados e deixados a margem deste poder.
Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário no Brasil sempre representaram os interesses globais deste poder econômico. Nada de novo, mas uma dúvida, embora simples, persiste em não querer encontrar respostas: como e por que o poder econômico doma a grande massa de cidadãos que não consegue e, parece não querer, que mudanças igualitárias e humanistas prevaleçam acima de interesses econômicos desiguais e cruéis.
O socialismo sucumbiu na prática em promover estas mudanças, justamente porque, apesar de teoricamente se autodenominar como a única forma de se promovar justiça social e combater a desigualde, atende também aos interesses do poder econômico de direito para poucos.
O capitalismo neoliberal, apesar de se autoproclamar o único meio que promoverá melhores condições de vida a todos, nem em tese, pode se fazer acreditar.
Vamos falar em números que parece nos afastar da subjetividade de nossas opiniões. Fonte IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2005 (Inclusive as pessoas sem declaração de posição na ocupação):
1. Rendimento médio mensal de todos os trabalhos das pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, com rendimento de trabalho, por posição na ocupação no trabalho principal segundo as Grandes Regiões, Unidades da Federação e Regiões Metropolitanas (R$) / Brasil:
  • Total: R$ 840,50.
  • Empregados com carteira assinada: R$ 855,40.
  • Empregados sem carteira assinada: R$ 488,30.
  • Militares e estatutários: R$ 1.453,10.
  • Trabalhadores domésticos: R$ 401,40.
  • Conta própria: R$ 637,60.
  • Empregadores: 2.554,70.

2. Distribuição dos 40% mais pobres e dos 10% mais ricos da população de 10 anos ou mais de idade, ocupada na semana de referência, com rendimento de trabalho, rendimentos médios mensais de todos os trabalhos, em reais e em salários mínimos, e relação entre rendimentos médios - 2005 / Brasil:

  • 40% mais pobres da população de 10 anos ou mais de idade ocupada (milhões): 30,43 (A).

Rendimentos médios mensais de todos os trabalhos:

- R$ 226,32

- Salários mínimos: 0,75 salários.

  • 10% mais ricos da população de 10 anos ou mais de idade ocupada (milhões): 7,61 (B).

Rendimentos médios mensais de todos os trabalhos:

- R$ 3.579,82.

- Salários mínimos: 11,93 salários.

  • Relação entre os rendimentos médios (B/A): 15,8.

3. População Economicamente Ativa - PEA de 10 anos ou mais de idade, por situação do domicílio e sexo, segundo as Grandes Regiões, Unidades da Federação e Regiões Metropolitanas - 2005 / Brasil:

Total:

  • Total: 96 031 971
  • Homens: 54 290 827
  • Mulheres: 41 741 144

Urbana:

  • Total: 78 210 785
  • Homens: 43 366 059
  • Mulheres: 34 844 726

Rural:

  • Total: 17 821 186
  • Homens: 10 924 768
  • Mulheres: 6 896 418

Com uma população economicamente ativa em 2005 de 96 031 971, tínhamos um rendimento médio mensal total no Brasil, de R$ 840,50.

Analisemos a situação do Brasil em 2005 dos 40% mais pobres e dos 10% mais ricos (exposto acima) com relação aos rendimentos.

Não consegui encontrar a população total do Brasil em 2005, acredito que era de 167.000.000 a 170.000.000 neste último censo. Em 2007 o IBGE já estima uma população de184.000.000.

Vou continuar tentando encontrar este dado, e, assim, vamos fazer um exercício matemático e de análise destes dados baseados no número de habitantes, no número de habitantes economicamente ativos, nos 40% ocupados mais pobres, 10% ocupados mais ricos, e, então tentar entender melhor este país.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

JÔ SOARES NAS PÁGINAS AMARELAS DA VEJA X STEPHEN KANITZ NA COLUNA PONTO DE VISTA DA VEJA SOBRE O TEMA "INTENÇÕES POR TRÁS DAS PALAVRAS"

Foi com surpresa, que "me surpreendi" com a entrevista que Jô Soares deu para a Veja. Não houve cinismo em suas declarações. Se mostrou apenas como um profissional e como um cidadão. Falou do humor no Brasil, - "o país das piadas prontas"-, sempre baseadas em histórias (para mim) tão lamentáveis. Admitiu a sua e a de todos: a vaidade. E, me fez crer que nada parece ter a força de mudar de vez este país, com relação à corrupção institucionalizada nos poderes públicos, nas empresas privadas e nos grupos privados que se beneficiam indevidamente do dinheiro público, como se fosse seu de direito, descaradamente, sem escrúpulos. Para mim, a certeza, de que tampouco adianta fazer humor ridicularizando os envolvidos, porque em nada contribui para fazer acontecer uma mudança efetiva em direção aos valores morais e à ética. É mais uma atitude estéril, como fazer críticas e denúncias em jornais e revistas, em ações da PF nas prisões apenas "temporárias", nas CPIs que defendem e absolvem corporativamente seus membros no legislativo, executivo, judiciário e nas Agências Reguladoras, dos que não respeitam o dinheiro público e se apropriam dele tão facilmente e reconhecidamente como seu. O humor é uma forma de entretenimento. E, como tal, não objetiva mudar nada, mas sim, que tudo permaneça como está. O entretenimento não se engaja, apenas tenta fazer um pouco de "cultura".

Realmente, Stephen Kanitz, me deixou ainda mais confusa. É a segunda vez que escreve sobre o que lemos. Agora ele afirma: "- Se não nos preocuparmos em detectar a agenda oculta de quem nos prega alguma coisa, seremos presas fáceis dos que falam bonito e escrevem melhor ainda-".

Li o Jô nas páginas amarelas tentando prever a "sua agenda oculta", mas para surpresa minha, achei suas considerações bastante desprovidas de "agenda oculta". Embora saiba que somos pessoas, indivíduos, que carregam suas próprias impressões e imperfeições de nossas percepções. Concordo com Stephen Kanitz quando ele diz: "- Muitos escritores, cientistas e formadores de opinião usam e abusam de nossa confiança. -". Concordo que existam muitos que têm má fé e usam de sua condição "privilegiada" de exposição fácil para suscitar o desequilíbrio, e, também, da má fé dos que se favorecem de certas considerações feitas por esses escritores, cientistas e formadores de opinião.

Mas é humanamente impossível ser totalmente imparcial em nossas considerações, porque não seriam nossas. Somos o que pensamos e dizemos ou escrevemos, ou pelo menos deveríamos ser. Para mim, Kanitz com seu insistente alerta acêrca "do que e de quem lemos", me fez tomar mais cuidado em colocar minha opinião e considerações como verdade absoluta sobre qualquer assunto. Não só me fez lembrar das "agendas ocultas" (ou dos interesses ocultos) que fazem parte de considerações e opiniões de muitos que usam de má fé para divulgar uma idéia oculta (ou idéias) nociva no cerne de uma nação, grupo de indivíduos ou além fronteiras; mas, sobretudo, porque me fez tomar mais cuidado no "dizer" algo sobre o que pouco sei. Mas deixar de lado o que sou e o que penso ao escrever ou falar não me é possível. Novamente a ética e a boa fé das pessoas de bem ao escrever ou falar sobre assuntos diversos é que dirá se um texto é digno de crédito ou não. O que não dá é não se engajar em causas maiores que façam diferença e promovam mudanças necessárias ao bem comum. Jô, fazer humor apenas, num "país de piadas prontas", fazer "cultura" apenas por fazer cultura, sem se preocupar com fazer diferença e contribuir realmente para que esse estado de coisas incorretas e injustas acabem, é fazer mal uso da palavra. Não é apenas nos preocupar com o que se diz ou se escreve, mas sim, também nos preocupar em verdadeiramente não nos conformar com esse estado de coisas e efetivamente contribuir para uma mudança.
Não dá para ficar acima de tudo isso. Jô, temos que nos engajar, para não cometer o erro de nada fazer com tudo que nso foi dado para fazer.