segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"UM CONTO POR UM CONTO"

Encontrei uma velha amiga de infância, daquelas que parece que a conhecia mesmo antes de nascermos. Foi agora no dia 1º de janeiro de 2011, no final da tarde, após eu ter visto o suficiente da posse da primeira mulher presidente do Brasil. A tarde aqui onde moro estava linda, um dia ensolarado, brilhante e com uma brisa refrescante, apesar de ser janeiro.

Sentamos no granito do jardim de um prédio comercial próximo a minha casa, na sombra, sentindo o frescor da brisa que soprava magicamente como se entrasse no espírito que jurava ter a certeza naquele momento existir. Coisa que costumo fazer ainda, talvez como lembrança de infância onde ainda se sentava nas calçadas com os vizinhos para conversar e se usava a rua para brincar.

Como mulheres comentamos a posse de Dilma. E, apesar de tudo, ao longo da conversa, sem querer expressar o que estava no íntimo, ainda querendo ser elaborado com tranquilidade e clareza, confessamos a dúvida do que representa realmente a liderança das mulheres, num mundo marcado para manter as relações de poder do poder estabelecido.

Revivemos alguns poucos momentos vividos ao longo de nossas vidas, nossa infância, adolescência, o período universitário, o trabalho com suas experiencias e seus reveses para a vida, a família, enfim, onde chegamos, quem fomos em cada fase de nossas vidas e quem somos.

Nossa percepção era que o mundo todo a nossa volta nos parecia irreal. Como era 1º de janeiro de 2011, posse da primeira presidente mulher do Brasil, e, ao assistirmos o cerimonial, principalmente, dois momentos nos chamaram a atenção em especial: (i) as manifestações de apoio e de festa dos deputados e senadores e o (ii) discurso de posse de Dilma. Apesar do belo discurso, das palavras proferidas com emoção sincera, que o momento propiciava, a alegria no plenário demonstrada pelos deputados e senadores da grande base aliada, não condizia com as mensagens do discurso. A cada ovação proferida por eles, em partes do discurso, sobre os assuntos mais sérios, primordiais e importantes aos interesses do povo brasileiro, algo de irreal manchava aquele solene momento.

Os interesses de deputados e senadores, como também, dos que ocuparão cargos políticos no novo governo, não condizem com o discurso de Dilma, apesar da emoção do momento.
Deveremos cortar gastos, mas deputados e senadores aumentaram seus salários a níveis irreais. Onde serão cortados os gastos saberemos logo no início do governo que assume. Aí poderemos sentir a verdadeira dimensão do mundo irreal estabelecido entre o discurso e a boa e verdadeira vontade de ver este país ser um país mais justo para todos. Enquanto isso não acontece, nos resta esperar.

Ficamos um pouco caladas, por um momento, como se buscássemos na brisa que soprava para o espírito, uma centelha de certeza de boa vontade dos que têm o poder nas mãos. Todos, não apenas os que governam, têm o poder nas próprias mãos. Se os que governam não mudam, corrigindo os desvios e, se nossas instituições favorecem o status quo, está nas mãos do povo não mais aceitar que façam o que não é justo hoje e para nosso fututo como nação.

Comentamos que no Brasil entretenimento é cultura. Que artistas aqui são nossos intelectuais. A ponto da Globo no Faustão e seus "intelectuais" homenagearem a Hebe Camargo enaltecendo sua vida artística misturando com a pessoal, como se pudéssemos esquecer que o marido dela, Lélio Ravagnani, era o lobista dos governos de Paulo Maluf em SP, onde todo os contratos de empresas com a prefeitura ou com o estado, passavam antes por seu escritório, para negociar o inegociável com o dinheiro público. O que tem a Hebe a ver com isso? Não só por ser mulher deste Sr., mas por que cansava de fazer campanha abertamente para o Maluf em seus programas de televisão, usando sua imagem artística para influenciar grande número de fãs e pessoas desprevenidas, mostrando as más intenções dessa "celebridade", em benefício próprio e do seu grupo (artístico ou não), sem jamais se preocupar com o bem-estar do povo brasileiro.

E, o Faustão do Perdidos na Noite? Se perdeu em algum lugar, ou como dizem alguns: "nínguém muda".

Nesse mundo irreal, onde tudo é relativo, nos resta a certeza de ser o que somos. Cada um sabe no fundo quem é e o que quer para si e para todos.
"... ergue a mão e encontra hera e vê que ele mesmo era a princesa que dormia." Eros e Psique. Fernando Pessoa.

Ahh... Feliz 2011!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

ELEIÇÃO 2010 (WE CAN'T): O FISIOLOGISMO, O MEDO E A IMPUNIDADE

Estamos a poucos dias das eleições 2010 e pode-se perceber, nas manifestações dos partidos e correlegionários, como sempre, apenas a "necessidade" de manter o fisiologismo fazendo das eleições a luta dos cidadãos em benefício próprio ou de seus grupos, acima dos interesses comuns. Nada muda no Brasil: jamais as pessoas pensarão no bem-estar comum como um direito comum a todos.

Assim, tráfico de influências e corrupção ativa e passiva são instrumentos que fazem uso o funcionalismo público e toda a sociedade, já acostumados que somos com tais práticas no nosso dia-a-dia. E, assim, vamos nos aproximando de mais uma eleição: do mesmo jeito brasileiro de ser. Nos mantemos aprisionados ao fisiologismo como atores ou espectadores, temerosos de denunciar, porque as instituições não protegem os que querem ver realmente este país um país honesto e mais justo. As tais ouvidorias nada apuram nem nada resolvem, tal qual um call center inútil nas garantias dos direitos dos consumidores.

Práticas locais e regionais, onde deparamos pessoalmente com os serviços públicos, diferentemente para o cidadão comum ao que acontece em Brasília, ficamos amedontrados, mesmo todos sabendo que para se conseguir uma licença qualquer, um alvará qualquer temos que participar do tráfico de influências e da corrupção tão inerentemente cravadas na nação brasileira. O servidor público pago com nossos impostos e "taxas" para nos servirem ainda dificultam e impedem, através do desconhecimento da população das leis que regem o direito comum dos cidadãos, que esses serviços sejam fornecidos através de orientações simples que deveriam ser fornecidas com transparência e de forma clara. Estes servidores públicos, e, o próprio serviço público no Brasil, como todos sabemos, negam ou não fornecem informações dificultando o processo, aumentando o custo Brasil e facilitando o fisiologismo.

Se não nos sujeitamos e aceitamos as práticas e regras deste fisiologismo tudo pode ficar pior para quem necessita desses serviços e não haverá ninguém nem qualquer instituição que proteja a sociedade já tão acostumada que é também de se beneficiar conforme essas práticas. Essa é a regra. Todos, sem excessão, conhecem essas práticas, não se faz um país melhor e mais justo porque nós brasileiros não queremos e não sabemos como fazê-lo de outro jeito.
Já não se sabe viver de outro jeito no Brasil. O medo da impunidade nos faz uma nação de fracos tamanha a estrutura formada para manter o fisiologismo e a corrupção intactos. Levar vantagens sem considerar o bem-estar comum é a nossa maneira de viver tão "brasileiramente".

sábado, 11 de setembro de 2010

UM RECADO ESPECÍFICO A ALGUÉM ESPECIFICAMENTE SOBRE: A CAMISA, A ÉTICA E A LIBERDADE

Hoje gostaria de falar sobre um assunto que sempre me soou no mínimo incômodo. Algumas pessoas costumam falar em alto e bom som, mesmo até para quem não quer ou não precisa ouvir, "que vestem a camisa da empresa". Confesso que até consigo entender essa necessidade de dizer isso, mas apenas em parte.

Vejamos se é possível entender o porquê que isso me incomoda. Penso que ser um bom profissional significa antes ser fiel a seus princípios éticos, e, isto pressupõe, agir corretamente com todos: colegas, clientes, fornecedores, empresa, comunidade, sociedade, acionistas, chefias, etc.. No entanto, não se pode servir a Deus e ao diabo ao mesmo tempo, por isso, devemos ser fiéis aos nosso princípios morais e éticos. Não somos perfeitos nem como profissionais nem tão pouco quanto pessoas. Mas chegamos a um ponto que devemos vestir "a camisa da empresa" colaborando e contribuindo com nossos conhecimentos e princípios para que todos na empresa desenvolvam um trabalho que leve a todos a alcançar o desenvolvimento sustentável através da Responsabilidade Socioambiental, que a empresa como instrumento fomentador de trabalho e riqueza, deve incorporar em suas atividades e relações internas e externas, i.e., com toda a cadeia de valor.

Ficar conclamando ou alardeando "vestir a camisa da empresa" é mera retórica de quem não sabe o que diz, e, talvez de quem nem a empresa possa confiar, porque servirá apenas aos interesse escusos que existam e que lhe proporcione também certas vantagens também escusas. Não cabem às empresas e corporações, hoje, apenas gerar emprego e lucro. Mas isso não é assimilado ainda por grande número de empresas, e, o quando o é, muitas existentes só na necessidade de se dizer, e não ser, sócio e ambientalmente correta.

Quando se analisa uma empresa em que um dia tivemos "o privilégio" de trabalharmos, - privilégio pelo fato da possibilidade de saber que elas ainda existem -, muitas vezes vemos princípios e normas de administração básica não sendo utilizados. A empresa sendo aparentemente financeiramente saudável com lucros, certos investimentos e quase 20 anos de existência, sendo uma empresa gerada e administrada por pessoas sem conhecimentos administrativos básicos. O que poderíamos dizer que o "empreendedorismo é inato" a algumas poucas pessoas privilegiadas. Basta fazermos uma rápida analogia com o Brasil como Estado governado por Lula.

Assim sendo, percebe-se que a empresa não tem planejamento nem de curto nem de médio muito menos de longo prazo, sequer planejamentos operacionais, no dia-a-dia, sem considerar o estratégico (o que seria pedir muito). Mas como uma empresa se mantém assim no mercado, mesmo que tenha qualidade (que não é um diferencial)? Um dia perguntei a um empresário que me disse que as margens de lucro devem ser grandes. Fiquei pensando na maravilha da proeza deste empreendedorismo que além de não planejar possui margens de lucros altas. Tive de tirar o chapéu para estes "empreendedores".

Passado algum tempo, pouco tempo, possivelmente já não se estando mais nesta empresa por decisão deles, por deverem talvez achar que "não se vestisse a camisa", percebe-se que a pessoa que mais alardeava "vestir a camisa da empresa", contra seus princípios pelo menos éticos de que sua profissão específica muito exige, percebe-se que talvez a grande margem de lucro que mantinha a saúde financeira da empresa viesse do caixa 2 com a sonegação de impostos. Tá aí um exemplo de sucesso do empreendedorismo à brasileira nas pequenas e médias empresas. Onde a geração de riqueza se concentra na mão de poucos, apesar de gerar empregos mal remunerados e sem participação nos lucros, mesmo sendo um salário compatível regionalmente.

Não podemos esquecer que essas empresas comandadas por estes "empreendedores" se servem de "espiões e guardiães" dos interesses da empresa que levam informações muitas vezes prejudiciais ao próprio negócio, e muitas vezes falsas, mas é o que merecem esses "empreendedores/empresários". Só que quando o negócio não mais se sustentar, i.e., a pessoa jurídica falir as pessoas físicas continuarão muito bem, obrigada. Como um dia escutei: "o CNPJ vai mal, mas o CPF vai muito bem", para designar como agem os muitos que enriquecem neste país.
A não ser é claro que a Receita Federal cumpra seu papel e retire destes "empreendedores" todo seu enriquecimento ilícito.

sábado, 28 de agosto de 2010

O MUNDO COMO ILUSÃO (2)

Qualquer um pode ser presidente de um país ou CEO de uma organização. Veja bem: qualquer um. Se qualquer um pode ser qualquer coisa, por que alguns são os escolhidos? Pode-se transformar qualquer pessoa em qualquer pessoa "de respeito". Por outro lado, pode-se excluir pessoas de qualquer lugar.

Justiça não é igual para todos. Basta ter dinheiro para pagar "bons" advogados e pronto, o sujeito está livre de qualquer imbróglio. Como assim? O que sabem os "bons" advogados que os outros não saibam fazer? Suspeito que "bons" advogados são os que são de confiança do poder judiciário, os que conhecem o caminho das minas, para derramar dinheiro durante anos para que o crime prescreva.

Tudo e todos têm seu preço diz a sabedoria popular. E, dessa forma, os "bons" advogados valem muito, a saber, quantos terá de subornar e quanto terá de pagar durante anos. É por isso que os que têm dinheiro, geralmente alcançados de forma ilícita, têm "bons" advogados. Ora que mundo cínico este em que vivemos.

É a parte intermediária da pirâmide, nem o topo nem a base, tentando sobreviver, para "se dar bem", da única forma possível que conhecem e são capazes neste mundo.

Apenas o que não são iliusão são a hipocrisia e o cinismo reinante neste mundo. É tão visível esta hipocrisia e este cinismo que uma vez ou outra se pune alguém. Nenhum coitado, é claro, mas alguém tem de pagar pelo bem de todos os incapazes de se dar bem, se não pensando sempre apenas em se dar bem. É este o mundo que temos.

E, não pensem que um dia eles vão se dar mal, nem depois de todo o mal que fizeram. Maldita fé em Deus, em ter dignidade e ser correto. Só se ferra quem pensa assim. Quero ver o mal que me fazem ser pago aqui e agora. Não quero passar a vida me dando mal por pensar que o bem está acima de tudo e, que "um dia", o dia deles vai chegar. Todos sofremos igualmente neste mundo fazendo o mal ou não. Pelo menos eles que fazem o mal gozam do conforto que toda sua vida de atos incorretos para se dar bem os fizeram alcançar.

Ficamos nós aqui esperando um dia eles se darem mal. Ferrados como estamos (por eles), esperamos o dia, que talvez nunca cheguemos ver chegar. Ou Deus muda isto ou ELE que não venha deixar que nos enganem desta forma. Não temos nada a perder. Quem tem são os do meio da pirâmide e do topo. Nós aqui da base sequer devíamos estar aqui. Por que não nos exterminam de uma vez? Pensar que estão excluindo (ferrando) os que incomodam pode ser muito perigoso: nós pensamos, nós sabemos, só ainda não fazemos.

E, quando nos dermos conta de que somos em grande número também, aí pode ser que comece haver equilíbrio entre o bem e o mal neste mundo, a ponto de um dia todos saberem que talvez possa valer a pena ter dignidade e ser temente a Deus. Por enquanto, somos os otários que todos querem ver pelas costas e longe. Se possível bem na pior, enquanto nós esperamos que um dia eles paguem por tudo de ruim que nos fizeram.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O MUNDO COMO ILUSÃO

Como uma cidadã comum tentando viver neste mundo é impossível não perceber que muitas coisas não estão corretas. A começar pelas pessoas e o modo de vida que levam tentando, para sobreviver neste mundo, "se dar bem a qualquer custo". Nada mais importa ou sequer se preocupam ainda fazer crer que podem importar como a dignidade individual. Ou se entra nessa ciranda de se dar bem a qualquer custo ou se está fora. Ou se entra em qualquer jogo sujo ou se está fora. Literalmente as pessoas que querem apenas fazer o que deve ser feito não fazem parte desta ciranda vergonhosa da luta em favor do bem estar próprio, onde alianças e juras de ajudas mútuas só valem enquanto houver benefícios mútuos ilícitos.

Não há para onde correr, estão todos envolvidos. Todos sabem, inclusive os que deveriam proteger a lei, os que são corruptos ativos e passivos. É muito mais fácil deixar como está porque "está bom para todos assim". Delatar o funcionário público que se beneficia do "poder" que ele jamais teve, mesmo que seja do conhecimento de todos, inclusive do MP e do judiciário, e, mesmo assim "pagar" para, por outros meios do que os não os lícitos, se conseguir algo algumas vezes lícito e muitas vezes ilícitos, isto é "o melhor para todos".

Os que "atrapalham" por quererem apenas fazer o que tem que ser feito são excluídos e não conseguem sequer ter paz por incomodarem sem nem saber por que. Mesmo fingindo que nada veem, para que os deixem fazer apenas o mínimo que precisa ser feito, para o bem comum e mesmo para as pessoas que se sentem ameaçadas, mesmo assim, eles não servem, têm logo de serem eliminados do processo.

Essa é a ilusão do mundo em que vivemos. Vivemos num mundo de mentiras convenientes e ameaças verdadeiras.

Falemos um pouco de política em ano eleitoral no Brasil. Falemos do Bric, e, como exemplo o Brasil e a China, fortes economias que sustentam o mundo econômico por alçarem da pobreza milhões de excluídos para consumir os produtos e serviços dos países e organizações, para manter a roda girando e a riqueza se concentrando como sempre nas mãos de poucos. É errado alçar da pobreza milhões de excluídos? dirão os hipócritas que habitam em grande número este mundo. Voltemos ao Bric: quando vemos com nossos próprios olhos que esse crescimento econômico é mais uma mentira, uma ilusão criada para justificar os "benefícios" que estão sendo dados ou permitidos a esta parcela, mas que no entanto, continuamos sem hospitais, sem educação, sem a infra-estrutura necessária se comparados aos países desenvolvidos que hoje agonizam com sua frágeis economias e, que apenas se sustentam por estes consumidores dos países subdesenvolvidos do Bric (ou como queiram países "em desenvolvimento").

A realidade é outra. Fazemos todos parte dessa ilusão que é este mundo. Querendo ou não, concordando ou não. E, assim, vamos vivendo esta ilusão. A concentração de renda no topo da pirâmide nas mãos de poucos, no meio da pirâmide os que querem se dar bem a qualquer custo e para isso só com atos e atitudes ilícitos, e na base da pirâmide os excluídos econômica, socialmente e os que ainda têm algum ideal e não creem nesta ilusão.
Este mundo é uma via de uma mão só e com nossas ilusões a nos acompanhar.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CODIGO "PILOTO" AMBIENTAL CATARINENSE

As possíveis articulações políticas assustam muito. O Código "Piloto" Ambiental Catarinense parece que quer medir o tamanho das forças contrárias com a alteração unilateral, não participativa, da Legislação Ambiental Brasileira, no piloto Catarinense. LHS, governador da nossa Santa (& Bela) Catarina, do PMDB, é um típico representante das forças políticas atuantes contrárias ao Desenvolvimento Socioambiental. Um representante político dos políticos desse Brasil que teima em permanecer com ideias contrárias ao Desenvolvimento Sustentável como se a sociedade brasileira e as instituições de uma sociedade civil organizada pudessem ser ludibriadas facilmente.

O Código "Piloto" Ambiental Catarinense parece servir de termômetro para as alterações que se pretende fazer no país na Legislação Ambiental Brasileira. Está em julgamento no STF. É incontestavelmente, inconstitucional, pelo simples fato de ser a Legislação Ambiental Brasileira de caráter jurídico complementar, i.e., as Legislações Estaduais e Municipais podem ser iguais ou mais restritivas que a Federal.

Agora, esta manobra política deve ser denunciada. LHS deve ter no seu currículo ser o representante legítimo ou ser o próprio mentor desta manobra inconstitucional contrária aos interesses da sociedade brasileira e aos compromissos pelo Brasil assumidos. Logo agora que o Brasil do Lula assume compromissos de redução dos GEEs (Gases do Efeito Estufa) em dezembro na Conferência Climática em Copenhagen - 2009. E, o partido de maior apoio na base do governo, o velho PMDB, "surpreendentemente" defende a alteração da Legislação Ambiental Federal como se fosse possível manter um discurso pró desenvolvimento sustentável e nos bastidores tentar mudar os avanços conseguidos nas questões socioambientais no Brasil.

Não é possível continuar com políticos em cargos públicos sem competência técnica de administração pública sem profundo conhecimento em Desenvolvimento Socioambiental. Não é possível que o setor privado não mantenha em seus cargos de gestão profissionais capacitados para entender esta concepção socioambiental, onde o respeito com a preservação ambiental e justiça social devem ser o alicerce das sociedades do Século XXI.

Comecemos em nível local, nos Municípios. Não dá para aceitar Secretários, Diretores e assim também nos níveis complementares do organograma da gestão pública municipal, cargos políticos, sem a mínima competência e formação profissional necessários ao desempenho de suas funções.

O pequeno agricultor, usado aqui no Código "Piloto" Catarinense, necessitam de apoio e fomento para produzir e querem preservar o meio ambiente. Faltam políticas públicas de apoio ao pequeno agricultor que integre a produção agrícola com a preservação ambiental e que promova justiça social. Nosso Código "Piloto" Ambiental Catarinense usou a fragilidade das políticas públicas de incentivo ao pequeno agricultor para servir de "cabo-de-guerra" com a sociedade civil organizada para fins que interessam particularmente aos médios e grandes agricultores.

Cabe ao STF proteger a Legislação Ambiental Brasileira do golpe contra a sociedade e as instituições brasileiras que estão tentando levar a cabo no Congresso Nacional com apoio de governadores, prefeitos, secretários, diretores, etc., que sempre levam seus interesses pessoais e de seus grupos acima do bem-estar da coletividade. Um verdadeiro golpe contra os interesses da nação brasileira. Mais um.

"Deus salve a América do Sul e a América Latina" destes governantes do Século passado.

Equilíbrio Mecanicista e a Realidade Sistêmica

Ainda se discute que o sistema capitalista/neoliberal, como já demonstrava Adam Smith, não determina o desequilíbrio, - que "se quer" fazer crer -, onde para que poucos ganhem muitos têm que perder. A insistência dos defensores desse equilíbrio, digamos, mecanicista do sistema capitalista/neoliberal é tão frágil e insustentavelmente legítimo que nos faz entender um pouco melhor o que dizem as agendas ocultas dos que tentam convencer a grande maioria que esse equilíbrio mecanicista é real.

Como todos temos nossas agendas ocultas - que nada mais são do que o conjunto de nossas convicções, nossos interesses, traumas e ressentimentos que geralmente não nos deixam confortáveis quando nos expõem - também tenho a minha. Nas "linhas e entrelinhas" do que escrevemos ou falamos lá estão tudo o que somos.

Vejam os bancos e seus imensos lucros no Brasil, para nos atermos ao nosso mundo mais especificamente, que é um exemplo mundial de sucesso desses lucros. A grande maioria entra na ciranda financeira do crédito fácil, sem uma aparente eficiente análise de risco pela instituição, porque quando se deixa de pagar já se ganhou muito do outro lado, e, o risco minimiza a tal ponto que o valor que falta pagar (sempre muito alto invibializando a intenção de sanar as dívidas, contraindo-se empréstimos para pagar empréstimos) ou não é pago ou qualquer valor (às vêzes até um quinto do que se devia é negociável). Pode parecer bom, mas empobrece a população e não deixa que as pessoas progridam já que têm que dar lucros aos bancos e ao sistema financeiro como um todo. Todo dinheiro que entra na conta do cliente é para pagar o que deve aos bancos, não existem consultores de investimentos a grande maioria dos clientes, os gerentes de contas são os consultores para fornecer crédito "fácil" sem autonomia nem responsabilidades (o sistema de informação de avaliação de risco geralmente viabiliza os empréstimos, avaliando-os como de médio e baixo risco, enquanto o cidadão/cliente ainda tem o que "oferecer" ao banco (o que geralmente é o seu provento enquanto supostamente tem capacidade de pagamento). E, o cliente acaba acreditando que se o banco acredita que ele possa sanar a dívida com a instituição, deve ser porque seu risco é baixo e conseguiremos sair dessa. Mentira, a grande maioria é vergonhosamente enganada ficando cada vez mais pobre enquanto poucos lucram muito. Esse é um exemplo do equilíbrio mecanicista.

É como já se disse: a grande maioria que sustenta a riqueza deste país não tem bolsa família nem bolsa BNDS. A classe média, enquanto ascendem a ela cada vez mais um maior número de cidadãos, mais riquezas serão geradas. A distribuição dessa riqueza é que é sempre desigual ocasionando a realidade sistêmica do desequilíbrio social e econômico, entre classes sociais, regiões, países e continentes.

Outro exemplo é a realidade sistêmica da sociedade 20/80 ou 10/90. Onde apenas 20 ou 10% da população mundial terão trabalho e, portanto, proverão todos os bens e serviços necessários para suprir a estes mesmos 20 ou 10%. O restante 80 ou 90% ficarão às margens, sem emprego e sem participar de uma grande fatia dessa riqueza que deveria lhe caber no banquete.