terça-feira, 2 de outubro de 2007

COLUNA PONTO DE VISTA DE STEPHEN KANITZ (REVISTA VEJA)

Sempre leio a coluna Ponto de Vista de Stephen Kanitz na Veja. Gosto de ler o que ele tem a dizer. Para meu espanto essa semana, embora consiga entender o que ele quer dizer e as razões para sustentar seu parecer para o que diz com "Cuidado com o que ouvem".
Fiquei um pouco triste (se é que posso dizer que senti isso realmente), porque me enquadro naquela parcela da sociedade que não possui nenhuma cadeira titular nas Universidades, que segundo ele, são as únicas pessoas dignas de crédito. Concordo. Procuro no meio de tanto "lixo de informações" algo que tenha consistência de um estudo aprofundado e fundamentado em informações também aprofundadas e fundamentadas por outros igualmente intelectuais, isto é, dos realmente intelectuais para os realmente intelectuais.
Estou tão longe de ser alguém com esses pré-requisitos mas, mesmo assim, sinto-me no direito de dizer o que penso, da mesma forma e proporção em que reconheço minhas limitações intelectuais.
Sinto-me entre aquele indivíduo simples que diz verdades simples e que nos demonstra quanto de sabedoria existe e pode existir nas pessoas não contaminadas por tantos saberes intelectuais; e, entre aqueles ditos realmente intelectuais. Sinto-me, portanto, entre a sabedoria que pode nascer com os indivíduos e o conhecimento científico dos que buscam o conhecimento.
Na verdade, me sinto contaminada pelo pouco conhecimento que tenho e que me afasta do ter sabedoria e de estar aquém dos que detêm o conhecimento. Sou o engodo da sociedade, portanto.
E, tenho a pretensão dos que se cegam pensando que podem pensar e dizer o que pensam, e, de colocar a minha opinião em meu blog, o que é muito pior. Mesmo que apenas eu tenha acesso para escrever e ler o que penso pensar sobre algumas questões. Diria ser um exercício único e que pertence a minha capacidade de análise dos fatos ( dos "fatos" ? sei lá!).
Não acredito que o Sr. Stephen Kanitz queira dizer que somos incapazes de pensar. Não acredito que ele acredite que apenas uma pequena parcela de uma elite intelectual seja detentora de uma verdade absoluta, como se de fato existisse uma verdade absoluta.
Há um distanciamento entre os que eles (intelectuais) pensam e sabem sobre a vida e a vida das pessoas, sobre os fatos e as análises filosóficas desses fatos, que ele se espanta de esta intelectualidade está prestes a acabar, isolados como estão da sociedade e de suas necessidades verdadeiras e de suas angústias, num mundo acadêmico pretensamente privilegiado.
É essa pretensa superioridade que tem que acabar. Em escalas diferentes estamos todos numa busca incessante para dar sentido a vida que vivemos. Isso se encontra onde? Nas análises filosóficas no mundo acadêmico apenas ou no dia-a-dia das pessoas? Acho que em ambos. e, o mundo acadêmico também tem que dar ouvidos a esses sinais sob pena de se afastar cada vez mais da realidade da vida e aí sim ir desaparecendo, como teme o Sr. Stephen Kanitz.
Tudo é uma evolução inclusive, e, principalmente, o conhecimento científico. O humanidade e as sociedades evoluíram em muitos sentidos através do conhecimento científico, mas estamos longe de ser o que ainda não somos.
O que dizer do arquiteto Mohammed Klaled cérebro do ataque de 11 de setembro em nome de Osama bin Laden treinado pela Al-Qaeda? Assisti a uma entrevista na Globo News onde seu orientador de Doutorado em uma Universidade na Alemanha é questionado se em algum momento Mohammed Klaled pareceu demonstrar algum sinal, por menor que tivesse sido, de que poderia vir a ser o cérebro de uma operação com tamanho horror pelo maneira como foi executada e pelos resultados desta ação. Ele jamais percebeu nenhum sinal. Mohammed, segundo seu professor e orientador, "era extremamente inteligente".
Não temos uma resposta sobre os atos de horror que cometeu Mohammed. Não temos muitas respostas sobre a excência da natureza humana, seja ela reconhecidamente boa ou ruim, por nossa sociedade ocidental.
Nada pode justificar a morte de pessoas por atos violentos, sejam de que lado pertençam.
Sr. Stephen Kanitz, jamais o Sr. saberá a minha opinião. Ela não se encontra na base dos estudos acadêmicos, ela não tem nenhuma importância.
Mas se algum dia me perguntarem o que penso, sobre determinado assunto, direi o que penso, mesmo que desprovido de base científica de pesquisa aos moldes acadêmicos.

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